Punta Del Frozen – Uma Corrida Congelante – Parte II

Bem, agora começa a diversão! Ou não…

Fizemos o aquecimento com o pessoal do evento, que tinha um boy magia comandando, mas ele foi se empolgando cada vez mais e acabou que o aquecimento virou um show de “desce tudo até o chão” :-O

Fomos nos posicionar para a largada. Primeiramente largariam os maratonistas (42 km) às 7h e os 21 km às 7h15.

Achamos umas pacers com plaquinha de 2h05 e colamos nelas. Para quem não sabe, esses pacers são corredores da organização que correm controlando o tempo para que nós corredores da prova possamos concluir a corrida no tempo exato que está na plaquinha. Em julho eu tinha feito 2h14 na meia da Asics, economizando super por causa da subida da Brigadeiro e terminei sobrando perna, dando um sprint a 5:20 min/km nos últimos 300 m. Ou seja, achei que 2h05 seria um plano ambicioso, mas, pela altimetria da prova, seria viável!

E foi dada a largada!

Sem aquecimento, no frio da peste, saí toda travada, porque sofro demais com frio, sinto dores no corpo todo, principalmente no meu quadril sequelado e na cervical cheia de hérnias.

screenshot_20160918-184811-1

Corremos isso aí tudo…

Em 2 km já estávamos na linda Praia Brava que tem o monumento Los Dedos, sabe?

O Monumento ao Afogado foi construído em 1982, pelo artista plástico chileno Mario Irrazpabal para celebrar o Primeiro Encontro Internacional de Escultura Moderna ao Ar Livre, mas logo virou um símbolo de Punta Del Este e está lá atraindo turistas do mundo inteiro.

20130930_155828.jpg

Foto da viagem de 2013

O sol achou uma brechinha numas nuvens e soltou um raio sobre nós. Que alegria! Tirei a blusa corta vento e amarrei na cintura, achando que poderia começar a esquentar e já me preveni.

jua16mpe0309

Esta é a via principal da meia maratona

Então, seguimos pela infinita, mas linda avenida da Praia Brava. Do lado direito, a praia, e do lado esquerdo, as lindas mansões envidraçadas. Isso na cola das nossas pacers na maior alegria. Tudo sob controle.

Hidratação da prova bem legal. Devido ao volume controlado de corredores, não tinha tumultuo nos postos de hidratação. Nada como uma prova sem pipocas, né? Que sonho!

Chegando no retorno lá no km 11, mais ou menos, acabamos deixando as pacers para trás. Então demos uma paradinha para beber o carbo gel e uma aguinha com mais calma… maior cagada da vida, pois em apenas 1 minutinho foi suficiente para perdermos o ritmo da prova e nos descabelarmos na Puente Leonel Viera do retorno com duas leves subidinhas.

Resultado de imagem para ponte clássica de punta em forma de m

Puente Leonel Viera

Pra completar, a ponte é estreita, o retorno amontoa os corredores, aí deu uma azedada no meu humor. As nossas pacers nos alcançaram e passaram a gente na volta da ponte.

Terminamos a ponte e já na pista de volta começamos a pegar um ritmo de novo… as pacers estavam uns 100 m a frente, mas não estavam descolando. Menos mau…

De repente, o cadarço do Val desamarrou! PORRA, VALDEMAR! Não acredito! Parece chatice, até porque não somos profissionais, estes sim perdem a prova por causa deste erro besta, mas dá um puta mal estar parar para amarrar o tênis depois de correr 13 km com mais 8 km pela frente.

Ele parou, eu trotei para não parar e cheguei à distribuição de Gatorade. Estava uma bagunça porque eles colocaram os copinhos na mesa para servir os dois dedinhos de isotônico (não bebemos o copo cheio), mas começou uma vetania daquelas de passar uma vaca voando, sabe?

Resultado de imagem para vaca voando

“OLAR”

Aí, os copinhos vazios e já servidos começaram a voar pra todos os lados! Peguei um vazio do chão mesmo e pedi pra um colaborador colocar um pouco de Gatorade pra mim. Enquanto isso, o Val me alcançou e tentamos retomar o ritmo pela segunda vez.

Nos arrastamos, congelando na ventania e ela só foi piorando… Comecei a sentir dores no corpo, principalmente na cabeça, muita, mas muita dor de cabeça. Foi então que percebi que estava toda contraída por causa do frio e por isso a cabeça estava explodindo. Tentei melhorar a postura, mas o vento e o frio estavam impiedosos. Parecia que estavam empurrando a gente.

As pacers abriram uma puta distância da gente, como sou ruim com esse negócio de estimar distância a olho em lugar que não conheço, vou chutar qualquer coisa do tipo, da Av. Brigadeiro até a Gazeta… Só dando uma bela apertada no passo para alcançá-las.

No km 16, tomamos o segundo carbo gel e estranhamente, consegui me concentrar com frio, vento e tudo, encaixei um pace legal como combinei com o treinador e lá fomos nós! Ainda há esperanças de alcançar as meninas! Maaaaaassss… de repente, olhamos para frente e vimos a nuvem do Coração Gelado dos Ursinhos Carinhosos!

Resultado de imagem para nuvem coração gelado ursinhos carinhosos

A cidade havia sumido num nevoeiro que parecia que estávamos fora a horas! Aí, o frio, o vento, aquela vista assustadora, páááaáhhhhh… no km 17 o Val quebrou, falou pra eu ir embora que ele não ia conseguir manter aquele pace, para nos encontrarmos lá na chegada.

Eu queria muito continuar, mas a razão falou mais alto e parei para uma DR… rs… se ele ficasse molengando naquele frio ia perder o ritmo de vez, ia ter que andar e ia levar uma hora pra terminar a prova. A gripe viria no kit pós prova com certeza!

Acabei convencendo-o a trotar e assim, perdemos de vez as pacers das 2h05.

Finalmente, chegamos aos últimos 500 metros em frente ao Cassino Conrad, com várias pessoas na rua torcendo, já dava pra ouvir a música da organização da prova ❤

Comecei a chorar e quando me emociono correndo eu hiperventilo! Socorro… rs…

Tive que tuchar os fones de ouvido dos 2 lados, pois geralmente uso um lado só, me concentrei, baixei os óculos escuros que estavam na cabeça pra disfarçar as lágrimas e finalmente demos o sprint final, concluindo a prova em exatos 2 horas 11 minutos e 21 segundos.

Classificação geral: 1106ª e na minha categoria (F3539): 69ª (ui!)

Tempo oficial da prova

Sobre a prova, livre do meu mal estar pelo frio, é impecável! Só não digo que faria novamente, porque esse frio eu não quero mais na minha vida! hahahahaha… Mas quem gosta de clima fresquinho, se joguem, migos! É maravilhosa! Recomendo!

20160918_103831

Mortos com farofa

Pronto! De medalha em mão, as coisas vão voltando ao normal aos poucos… a felicidade começa a chegar de mansinho e é aí que tá o problema…

Devido a ela, tive a infeliz ideia de ficar naquele frio daporra para gravar a lembrança da prova na medalha. Compramos o serviço na feira da maratona no dia da retirada dos kits. Eles gravam seu nome, a data e seu tempo líquido oficial da prova na medalha.

Depois de meia hora na fila, só tínhamos chegado na metade! O corpo começou a doer inteirinho, a pele também doía de tanto frio por causa das roupas molhadas, claro! Então, Valval soltou a máxima: “por mim, eu já teria ido embora”. Fomos embora sem a gravação e eu já estava entrevada!

NÃO CONSEGUIA DESCER DA CALÇADA PRA RUA E NEM SUBIR DE VOLTA PRA CALÇADA AO ATRAVESSAR AS RUAS! hahahahahaha… 100NHOR, que situação!

Tive que ir pela rua na volta pro hotel, que estava a intermináveis 2 km do evento…

Chegando no hotel, falei pro Val tomar banho antes, porque quando eu entrasse no chuveiro eu só ia sair quando a pele estivesse solta no chão do box, ele tinha planos mais a curto prazo. Foi primeiro.

E assim foi, entrei no banheiro com dificuldades para tirar as roupas, já que estava com todas as articulações congeladas. Entrei na água escaldante e comecei o degelo! Juro por Deus, eu fiquei alguns minutos com a água pelando caindo na cabeça e chegando nos pés gelada… hahahahaha… bizarro!!! Banho quente é a melhor coisa que a humanidade inventou, depois do leite condensado! (O Val gritou creme de leite da sala…)

Saí do banho renovada, as dores tinham quase desaparecido! Com isso, percebi uma dorzinha de garganta chata.

Fui administrando a dor do domingo até 3ª feira, quando pegamos o vôo de volta para São Paulo, já tinha até melhorado um pouco, mas, por causa do ar condicionado do avião, cheguei aqui bem pior. Na quarta-feira (meu dia de aula preferido) levantei pra ir pra faculdade e tomei um susto, minhas amígdalas estavam ROXAS e gigantes!

Foram 15 dias de amigdalite, acompanhados de um bode de corrida do tamanho do King Kong. Simplesmente não consegui fazer mais nenhum treino, nem de corrida e nem de musculação. Bode bode bode… Bléééééé… 😛

Respeitei meu corpo e deixei rolar… 1 mês sem exercício algum.

Tudo que tenho a dizer é “caraca, como é difícil voltar!”

O retorno no próximo post!

beijos beijos :-*

 

6 comentários sobre “Punta Del Frozen – Uma Corrida Congelante – Parte II

  1. Diana disse:

    MARAVILHOSOOOOOOO!!! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, eu tinha lido pelo celular (que preciso trocar!) e não tinha visto o gif da vaca! Agora que vi!!!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!! 100sacional!!! Espetacular!!! Nega, vc escreve tão bem! Quando virá o LIVRO?? Eu organizo a NOITE DE AUTÓGRAFOS, ok?! Hehehe! Bjussss!!!

    Curtido por 2 pessoas

  2. Nini disse:

    To na fila pro livro!
    To atrasada nos posts hihihi
    Você disse no anterior que nao tem o dom da síntese, somos duas Má… Hihihi
    Como você disse as fotos ficaram lindas mesmo 😛
    E vocês foram corajosos! ❤
    Mais uma pra conta!!
    Beijinhos :*

    Curtido por 1 pessoa

Deixe um comentário